Quase meio milhão de cristãos no Iraque estão em constante perigo
Desde 2003, dezenas de igrejas e casas de culto foram alvos, matando 900 pessoas e ferindo 6 mil. No dia do Natal deste ano, cerca de 30 pessoas foram mortas nas áreas cristãs de Bagdá, capital do país.
Em outubro de 2010, uma igreja cristã foi atacada durante a missa de domingo, deixando 94 pessoas mortas ou gravemente feridas, de acordo com Rimon Albeer Misattr (33), um membro da minoria cristã no Iraque.
"As vidas de quase meio milhão de cristãos no Iraque estão em constante perigo", conta Rimon.
"Desde 2003, dezenas de igrejas e casas de culto foram alvos, matando 900 pessoas e ferindo 6 mil", lembra.
Os ataques a cristãos no Iraque muitas vezes os expulsam de sua terra natal para o centro e o norte do país, especificamente Erbil, a capital da região curda do Iraque, explica Rimon. "Como somos internamente deslocados, muitas vezes é difícil encontrar trabalho por causa do excesso de população em muitas dessas cidades."
Rimon diz que a educação é outra área de preocupação para os cristãos internamente deslocados no Iraque. "Muitos estão fora do sistema de ensino há sete anos, esperando sua situação se resolver", diz ele. Após o centro e o norte do Iraque, Rimon explica que os cristãos muitas vezes procuram asilo na Turquia, Jordânia, Líbano e Europa.
Como um dos 13 bolsistas selecionados para participar do Programa de Bolsas das Minorias de 2013 do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) em Genebra, Rimon recebeu a oportunidade de aprender sobre o sistema da ONU, instrumentos e mecanismos de direitos humanos. Após completar o programa de treinamento, cuja primeira edição foi em 2005, os bolsistas também participaram da 6ª sessão do Fórum sobre Questões das Minorias, intitulada "Além da liberdade de religião ou crença: Garantindo os direitos das minorias religiosas".
O fórum anual fornece uma plataforma para promover o diálogo e a cooperação sobre as questões das minorias, assim como uma oportunidade para compartilhar as melhores práticas, analisar os desafios e criar oportunidades para a posterior implementação da Declaração sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas.
Rimon, que é um correspondente do canal ISHTAR TV Broadcasting no Iraque, participou do programa para aprender sobre mecanismos de direitos humanos e para entregar a mensagem de seu povo. "Como jornalista, eu me esforço para expor o problema", diz.
Segundo ele, depois de 2003, novas facções sectárias e doutrinárias criaram tensões e reforçaram questões de segurança no Iraque, incluindo para a minoria cristã. Além disso, avalia, o Estado não tem fornecido a segurança e a proteção necessárias para seus cidadãos.
Rimon também afirma que muitos, particularmente na cidade iraquiana de Mosul, sofrem da incapacidade de vender ou alugar suas casas quando são expulsos de sua terra natal.
Na apresentação em Genebra, Suíça, o jornalista apelou pela integração do ensino de direitos humanos no currículo escolar iraquiano e pediu aos países anfitriões que forneçam condições decentes de vida para os cristãos iraquianos requerentes de asilo.
Após participar das cinco semanas do Programa de Bolsas para Minorias, Rimon planeja usar seu novo conhecimento adquirido para aumentar a consciência global das questões pertinentes à minoria cristã do Iraque.
Segundo relatos, no dia do Natal deste ano, cerca de 30 pessoas foram mortas nas áreas cristãs de Bagdá, capital do país. Um dos muitos ataques naquele dia incluiu um carro-bomba, que explodiu quando fiéis deixavam uma missa.
Fonte: ONU via UOL