O que o futuro reserva para a minoria cristã no Oriente Médio?
Em um encontro ocorrido em Londres, líderes religiosos e políticos afirmaram que o Oriente Médio está vivendo um dos períodos mais significativos de sua história. As mudanças de regime no Egito e Irã e a violência sectária na Síria, Líbano e Iraque se apresentaram como uma oportunidade para a minoria cristã erguer sua voz e para organismos internacionais se levantarem em seu favor.O Rev. Andrew White, pastor da igreja anglicana em Bagdá, falou sobre o “terrível sofrimento” da comunidade cristã no Iraque. Ele contou que nos últimos 10 anos, desde que Saddam Hussein foi derrubado, 1.026 membros de sua congregação foram mortos − 58 em apenas um dia. Segundo White, na última década, a população cristã do Iraque passou de 1,5 milhão para cerca de 200 mil.
Adaptando-se à segunda mudança de regime em dois anos, os cidadãos do Egito começam agora a abraçar a identidade nacional, deixando de ser apenas membros de um grupo de comunidades distintas, afirma o bispo Angaelos, líder da Igreja Copta no Reino Unido.
"Há dois anos, não se via bandeiras egípcias tremulando nas ruas porque as pessoas não se consideravam efetivamente parte de um único Estado-nação; assim, cada um voltava-se para a sua própria religião, seja cristianismo ou islamismo", disse.
O bispo contou ainda ter ouvido um líder da Irmandade Muçulmana dizer que sentia-se mais próximo do islamismo da Indonésia do que do cristianismo copta por causa do conceito de nação do Islã, a Ummah.
Neste sentido, argumentou que o governo guiado pela religião do ex-presidente Mohamed Morsi ajudou a realçar as diferenças entre as diversas comunidades religiosas ao invés de trazer união entre as pessoas.
"Vemos o que aconteceu há dois anos como ponto de virada, mas havia uma mentalidade de dividir e conquistar, o que significa manter as comunidades separadas, fazê-las pensar que não podem confiar umas nas outras.”
Ele concluiu explicando porque determinados presidentes de países do Oriente Médio pendem para a segregação da sociedade: “Se você reúne as pessoas, vai acontecer o que está se passando nas ruas do Cairo hoje. Por isso, esse momento é uma grande oportunidade para quebrar algumas barreiras e unir as pessoas por uma causa comum".